Chuva no telhado...

Hoje, não quero ser musa ou escritora...Não quero desfilar nesse tapete vermelho e usar esse véu branco...hoje, não quero provar a mansidão das formas, nem o trejeito das pessoas...Hoje não quero saciar a minha sede nese licor bravo, nem cobrir a minha mágoa com um vodka inundado...
Hoje não bebo para esquecer, e só o meu doce cigarro me acompanha quando fumo afagada pelo seu sabor, e estonteada com a sua força...

Hoje eu não quero ser poetisa nem cantar afinada uma canção, nem se quer andar pela praia descalça...porque hoje nada sasseia esta sede, esta sede de Alegria...inundada, desfazelada na mais pura das mágoas...Mas toda ela tão sentida...

Hoje perco-me no fundo das coisas,nas formas mais detorçadas...Nada mais me importa e entrego-me a esse vácuo que palpita juntamente com este tremor de coração...Ao Longe oiço o barulho de um trovão que tanto medo me mete...
E fico-me por esta cadeira, apática e estável...pedindo em pensamento uma únca mensagem...Uma mensagem tua que me faça sair deste sufoco e saber o teu rumo...e se andas que nem um vagabundo perdido pela rua...

Hoje só pedia um olhar teu e que os nossos lábios se tocassem...
Mas hoje tu não estás e amanhã não sei se estarás...
Pego em minhas mãos e tento.me abraçar, protegendo-me de mim mesma...Mas não consigo...E a chuva continua a bater forte neste telhado, e os trovões ouvem-se ao fundo...

Tenho medo de sair desta casa que me acolhe num calor reconfortante...Mas tenho que sair...Não dá mais para aqui ficar...
Talvez saindo eu me liberte um pouco de ti..E talve amanhã eu decida dar um passeio pela praia e me esquecer de esquecer de ti...

Pois hoje, continuas presente...Mesmo estando ausente...

Ping...Ping...Ping...

Faz a chuva ao bater no telhado